A arte através do tempo
Sentimos a necessidade de introduzir, em linhas
gerais, como se compreende a noção da passagem do tempo dentro do processo histórico,
isto é, como se vê o transcurso das civilizações, umas após outras, sob o ponto
de vista dos fatos vivenciados pelo homem.
Cada
civilização marca, a priori, um tempo da História e é moldada por uma estrutura,
um caráter, que a distingue umas das outras. Assim podemos lembrar a civilização
egípcia, a romana, a medieval. Todas elas possuem características peculiares,
determinadas pelo espírito vigente na época, com impulsos intrínsecos ao
momento histórico em que transcorreram. Este ‘espírito’, tanto é refletido nas
idéias políticas, na religião, na organização social, na filosofia como na
arte. É o que chamamos de “cosmovisão”: o modo particular que se
constitui na EXPRESSÂO de tudo o que se desenrola neste período.
O que constitui então a civilização é,
fundamentalmente, a VIDA que evolui neste espaço histórico do tempo. E esta
VIDA, na sua passagem, deixa marcas. Estas marcas, as encontramos na
arquitetura, na escultura, na literatura, na filosofia, na pintura, retratando
os momentos vividos e documentados para a posteridade. Cada civilização trás em
si um caráter peculiar que as distingue e que chamamos vulgarmente de ESTILO.
Deste modo, Civilização e Historia, são idéias que se
ajustam na medida em que Civilização é História com Cultura, com Técnica, com
Sociedade, com Política, com Filosofia e com Arte.
Cada passo da História é acompanhado de perto por uma
civilização que a justifica, que acompanha a evolução da humanidade. Cada
civilização que passa, deixa aberto o caminho para as civilizações posteriores
buscarem nas suas raízes soluções para as novas descobertas, nem sempre
realizadas com êxito, mas sempre fazendo História. Gerações transmitem, umas às
outras, suas experiências, verdades tidas como verdadeiras são questionadas e o
Homem está e sempre vivendo em ciclos – ciclos históricos.
Nestes ciclos, o homem expressa todo este contexto de
uma forma. A busca da forma de expressão é inesgotável. Assim, vemos nos
gregos, egípcios, cristãos, cada um procurando uma forma de expor seu espírito,
o espírito de sua época.
Onde há pensamento, vida, sentimento, há Forma. A
evolução da forma não se dá linearmente, mas dialeticamente e em ciclos. O
homem busca no passado a construção do presente, projetando o futuro. As formas
mudam, o homem não, na medida em que ele busca sempre expressar seu pensar, mas
o anseio da transformação é que o faz um homem histórico.
“Toda a obra de arte é filha de um tempo e, muitas
vezes, a mãe dos nossos sentimentos. Cada época de uma civilização cria uma arte que lhe é
própria e que jamais se verá renascer. Tentar ressuscitar os princípios da arte
dos séculos passados só pode conduzir a produção de obras abortadas.”
Kandinsky em “Do Espiritual na Arte”.
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