Arma Secreta


Arma Secreta

        1967.  A efervescência política domina as manchetes dos jornais em todo o país. Nas universidades, os estudantes vivem momentos de grande agitação: passeatas, assembléias, greves, movimentos estudantis, acompanhando freneticamente o cenário nacional.
        Na Faculdade de Filosofia da UFRGS não foi diferente: o berço das manifestações de estudantes politizados, conscientes do momento crítico, protestando pelos desmandos de uma política que acabava com a liberdade de pensamento.
         As aulas, em clima de discussões, e nos corredores, manifestos, cartazes, convites para reuniões e assembléias com os demais cursos.     O bar da Filosofia, famoso por acolher as mais altas intelectualidades da universidade, acolhia idéias, entre as mais ponderadas, até as mais extremistas - típico de uma juventude sadia.
         Neste clima, nasceu, entre mesas do bar e cadeiras das salas de aula, uma história de amor. No princípio, o companheirismo de uma causa justa e assumida; a amizade foi aos poucos sendo envolvida por um não sei o quê, que nos fazia estar sempre presentes nos mesmos eventos, lutar e gritar com os mesmos brados e como desfecho fatal, olhar para o mesmo alvo: os olhares se encontraram.
       E se cruzando cada vez com mais frequencia, com mais significado até que, rendidos, pela política externa, pelos sistemas vigentes, nos engajamos numa nova plataforma de ação e seguiu até o altar.
      Os colegas se tornaram marido e mulher. Sempre com um encanto especial pela Filosofia, os dois seguiram e perseguiram seus sonhos: estudo no exterior e uma família.
       Foi assim que entraram nesta história quatro meninas e também o coroamento do trabalho intelectual.

       O ano, 2008. Hoje, olhando o passado, vejo nesta história comum a tantas outras, algo que a caracteriza como única e vivida por pessoas únicas, que fizeram do Amor a arma secreta, que, sem panfletagem nem estratagemas, se constituiu no fio condutor destas vidas - do começo ao fim.
      A caminhada continua. Cada um no seu espaço, quem sabe sideral? com a certeza de que algo muito forte nos une, uma raiz profunda que foi plantada, lá, nos idos anos da revolução, onde não só a sociedade mudou, mas com certeza, também nossos destinos. 
 23/10/2008


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